quarta-feira, 8 de julho de 2009

MORREU MEU AMIGO


         Com mais despedidas de outros amigos queridos, resolvi ir atualizando este paragrafo, e além do coração, também deixar registrado com palavras aqueles com quem tinha uma convivência mais próxima, e que também passaram fazer parte da reflexão original deste post.
          Tinha acrescentado pessoas queridas que tive convivência na infância, na adolescência, e inicio da vida adulta, mas resolvi deixar só os amigos com realmente eram bem próximos:
Tibetim (aqui) Isaías (aqui)  Danilo (aqui), 
Saavedra Fontes (aqui e aqui), Dé (aqui) Eduardo Brito (aqui), Paulo Brum (Painha aqui), Alexandre Correa (aqui)Expedito Paranhos (aqui), Cesar Dutra (aqui), Alcyr Vermelho Junior (aqui), Paulinho Parente (aqui), Márcio Hanstenreiter (aqui), Paulão aqui), Talidinho, José Reis (aqui) ... o mesmo sentimento 

          
        O filósofo, geólogo e padre, Teilhard de Chardin, em um debate de idéias com um amigo, também padre, fez a seguinte consideração sobre o tempo: "- Padre, o Sr. acredita que Deus poderia criar, aqui e agora, instantaneamente, uma esfera perfeitamente redonda, feita de madeira?" Perguntou Teilhard.
             - "Perfeitamente! Para Deus nada é impossível, já que é onipotente, e, por isso, pode tudo”, respondeu-lhe o amigo.         
 - “Pois para mim, Deus para criar uma simples esfera de madeira, teria que querer a criação inteira e desencadear novamente todo o processo da evolução: A matéria, a vida, os vegetais, a árvore... de um lado; e, de outro, os animais, os mamíferos, os primatas, os homens, o homem habilidoso capaz de forjar ferramentas, cortar a árvore e moldar uma esfera... Deus, já se vê, levaria então mais alguns bilhões de anos para fazer esta esfera... E então já não seria mais aqui, nem agora”.

             Anteontem morreu de infarto meu amigo Chico Honório, uns dois ou três anos mais novo que eu... a vida inteira uma criança cheia vitalidade e alegria, e eu, sedentário tomador de cerveja, coloquei minhas “barbas de molho” e comecei a refletir sobre esse tempo cronológico, que embranquece cabelos, faz as pessoas a nos chamarem de “senhor” e que sempre leva embora amigos e familiares queridos.
           O tempo de vida é uma moeda preciosa e única que cada um de nós possui, assim como qualquer outra moeda, o tempo está sujeito à "lei da oferta e da procura", quanto mais envelhecemos, a oferta de tempo diminui . No entanto, é fundamental estabelecer lastros para estabilizá-lo, de forma a evitar que a ilusão da idade comprometa nossa economia existencial.
          A juventude, assim como uma moeda forte, tem o poder de influenciar e dominar nossa percepção de valor. Ela é frequentemente associada à vitalidade, energia, entusiasmo e possibilidades infinitas. À medida que envelhecemos, essa moeda tende a perder seu valor relativo contribuindo para uma progressiva desvalorização pessoal. É fácil sentir-se fragilizado quando percebemos que a nossa moeda pessoal está perdendo seu poder de compra.
                  No entanto, é importante lembrar que o tempo de vida é uma moeda valiosa por si só. Cada momento que vivemos é uma oportunidade única, uma experiência que não pode ser comprada nem recuperada. Embora possamos lamentar a perda da juventude, é essencial reconhecer o valor do nosso tempo presente. É nesse momento que temos a oportunidade de adquirir sabedoria, novas habilidades, construir relacionamentos significativos e deixar um impacto duradouro no mundo ao nosso redor.
          Assim como uma moeda frágil, é fundamental criar lastros para estabilizar a nossa economia existencial. Esses lastros podem ser representados por valores fundamentais, princípios morais e propósitos pessoais. 
            Além disso, é essencial cultivar uma mentalidade de gratidão e aceitação em relação ao envelhecimento. Embora a juventude seja uma fase especial da vida, cada idade traz consigo suas próprias e únicas oportunidades. Em vez de focar apenas na perda do valor relativo da nossa moeda pessoal, devemos valorizar a riqueza que cada fase traz consigo.
          A ilusão da idade compromete a nossa precária economia existencial em relação as rápidas e progressivas desvalorizações diante ao poderoso "euro" (Yuan ou dólar?) da juventude
       Por fim, devemos lembrar que o verdadeiro valor do tempo de vida não está necessariamente ligado à sua quantidade, mas sim à qualidade e a maneira como o utilizamos. Podemos gastar nossos preciosos recursos em coisas que nos enriquecem emocionalmente, intelectualmente e espiritualmente, ou podemos desperdiçá-los em preocupações fúteis e atividades vazias. É essa consciência na utilização do nosso tempo que realmente vai determinar o seu valor e o impacto que ele terá em nossas vidas.

             Hoje, da mesma forma como o mundo ficou abalado com a crise de 29 ou a atual crise imobiliária americana, diante desta perda repentina de um amigo, minha economia pessoal também entrou em “depressão”... deu um "crack". 
    Mas como aconteceu na primeira crise e está acontecendo nesta última, alguns países como o Brasil já estão dando sinais de recuperação ("uma marolinha"), por isso sei que esta minha crise pessoal também será passageira e que sua principal conseqüência será reafirmar e me fazer refletir mais um pouco sobre o que realmente é importante nesta vida, e, com isso, aprender e crescer, mostrando que talvez seja esta a única razão de tanta dor e sofrimento.
               As pessoas lotam igrejas buscando prodígios para resolver problemas inerentes à vida e à sua transitoriedade, e, já que a dor nem sempre tem a duração que gostariam, e porque sabem que "para Deus nada é impossível, já que é onipotente, e, por isso, pode tudo", sempre pedem para que Ele "opere milagres", que interfira na natureza... que mova montanhas ou ressuscite mortos.
                 Teilhar de Chardin deu este lastro divino ao tempo, mostrando que Deus não transgrediria suas próprias leis para adequá-las aos limitados e estreitos conceitos humanos de temporalidade e materialidade e, a despeito de todos os nossos imediatismos, o tempo será para sempre o que sempre foi... o único e verdadeiro senhor da razão. Não tenho fixação pelo tema, mas já falei sobre esse assunto aqui e aqui também.
                           

5 comentários:

esteblogminharua disse...

Belo texto, Fernandao. Franz

Elis Zampieri disse...

Bem dizia o poeta que da dor se faz poesia. Que primor de texto Fernando!
Sentimentos pela perda do amigo.

Sua esposa trabalha na Apae ainda então, Fernando... Vi na homenagem que fez pra ela do dia dos namorados. Pois é, ela deve adorar, como eu! :-)

Bjos amigo!

pedagogica mente blogando disse...

oi,fernando.em primeiro lugar parabéns pela reforma do blog.ficou trilegal!
segundamente, teu amigo deve ter sido muito bom mesmo, pra merecer uma homenagem tão delicada e tocante.
super beijo,vera

Regina disse...

Fernando, parabéns pelo novo visual do seu Blog, estou gostando e curtindo, ficou muito legal, adorei! Só estou sem tempo de vir mais vezes aqui.
Agora vi que sofrimento e dor se faz poesia tbm.
Lamentável perda do seu grande amigo.
Belo texto, linda homenagem.
Bjs

Jenny Horta disse...

Oi amigo! Belo texto! No meu caso, sinto essa mesma crise, mas minha fê espiritual me consola. Mesmo que a razão possa tentar abala-la,consolo-me com alguma perspectiva de respostas no futuro... Fique em paz e aproveite para amar a cada dia quem te cerca!