sexta-feira, 2 de novembro de 2012

MINHAS VERDADES SÃO SANGRENTAS


                                                                                                                 
               
        “(...) Partiu de uma premissa equivocada, para não dizer falsa, de que somos iguais, claro que somos iguais perante a lei, mas nós somos apenas semelhantes, somos do reino animal, da espécie humana, então somos semelhantes, mas cada um de nós tem suas aptidões, seu temperamento, seu modo de ser, sua dedicação ao que faz e sua responsabilidade naquilo que assume. 
           Nós convencíamos as pessoas de que aquela coisa de ficar preso ao passado não tinha sentido, e que nós precisávamos fazer alternância de poder no Brasil, até para fortalecer o regime democrático ” 
                   Do meu conterrâneo, muriaeense, José Alencar, vice-presidente de Lula em seus dois mandatos (Aqui)
   
        "Todas as minhas verdades são, pra mim, verdades sangrentas" (Nietzsche), por isso é sempre muito penoso tirar máscaras e mudar conceitos quando novos argumentos se apresentam mais consistentes do que aqueles que até então eu acreditava, mas esta postura faz parte de uma dinâmica, às vezes dolorida, mas perfeitamente compreensível para quem entende que só a burrice é estática. (Aqui, segundo parágrafo)
             É impressionante a miséria intelectual de alguns militantes partidários em negar o mensalão, que, por inocência ou má fé teimam em não enxergar este “óbvio ululante”, com isso atacam com uma inacreditável estreiteza moral todos que se manifestem indignados com este que foi o "mais atrevido e escandaloso caso de corrupção e desvio de dinheiro público flagrado no Brasil, que instituiu uma sofisticada organização criminosa com o objetivo espúrio de comprar os votos de parlamentares".
            Conheço como ninguém a lógica destas pessoas, sei exatamente o que pensam, o que sentem e o que são, e não sou nenhum vidente, astrólogo ou profeta, primeiro, porque, como elas, já acreditei na  mesma igualdade que pregam, e depois porque tenho um hábito que elas não gostam ou tem medo de fazer... verticalizar o pensamento e buscar as singularidades que me caracterizam individualmente como ser humano, em vez disso reproduzem uma orientação padronizada de sociedade, com respostas prontas para todos os problemas sociais, e acham que para fazer o "bem" no campo político precisam apenas permanecer indefinidamente no poder, ainda que para isso tenham que usar a máxima de Maquiavel... "os fins justificam os meios".
           Seus militantes se recusam a pensar com autonomia, tem um pensamento coletivo, e a mediocridade faz com que passem o tempo todo repetindo o pensamento dos outros, em especial de dois ou três jornalistas, e com estes  clichês vão sufocando em si toda e qualquer atitude original e criativa. 
          Sei, no fundo do meu coração, o quanto sou falso, dissimulado, intolerante, invejoso, maledicente, vaidoso, mentiroso, egoísta e orgulhoso, o quanto observo, nos mínimos detalhes, minhas motivações interiores mais profundas, sofro quando falo ou faço alguma coisa que possa prejudicar alguém, pior, sou reincidente em minhas más intenções, mas, ainda assim estou sempre seguindo um inexplicável imperativo da consciência, lutando contra estas terríveis, subterrâneas e primitivas forças que a condição humana me impõe. Aí fico pensando... se estou muito aquém do que desejo, mesmo tentando me afastar diariamente deste "cálice tinto de sangue", numa luta cheia de sofrimento, culpa e expiação, buscando redenção para crescer e evoluir, qual será então condição destas pessoas que nem sequer tem estas preocupações e se enxergam tal qual se veem no espelho, inteligentes,  imaculadas, acima do bem e do mal, cheias de virtudes e boas intenções?
       
  São como parafusos fabricados em série com o objetivo menor de se encaixarem milimetricamente numa porca ideologia ultrapassada para a qual não passam de meros porta-vozes, eles sim são "massas de manobra", exatamente o adjetivo que gostam de impingir a todos que divergem de suas orientações, supostamente libertadoras.


Nenhum comentário: