quinta-feira, 25 de junho de 2015

IDEOLOGIA DE GÊNERO OU QUESTÃO DE GÊNERO?

RASCUNHO ONLINE

O POLÍTICO/PASTOR MARCELO CRIVELLA E O EDUCADOR CRISTOVAM BUARQUE

A educação exige os maiores cuidados, porque influi em toda a vida
                                                                    Sêneca (4 a.C – 65 a.C)   



           Hoje vi um vídeo do Senador Marcelo Crivella fazendo um discurso no Plenário do Senado, usando as palavras do professor e filósofo Armindo Moreira sobre as diferenças entre educar e instruir.
            Assim que conheci esse pensador, por causa dos pífios resultados da nossa educação, até achei coerente suas ideias, mas depois, refletindo um pouco mais... 
          A escola hoje é reflexo da sociedade que vivemos, "com adolescentes grávidas, avós-mães, drogados, pais de alunos desempregados, subempregados e omissos na educação que deveria começar em casa, com tudo isso será que o professor deve ser mesmo apenas instrutor? Limitar-se exclusivamente aos seus conteúdos específicos?" Matemática, Português, História, etc.? Sem falar, é claro, em uma quantidade enorme de pais que já transfere, há muito tempo para nós, essa tarefa que, definitivamente, não é exclusivamente nossa.
         Ideologia significa “ideias, pensamentos, doutrinas de um individuo ou de determinado grupo”, enquanto gênero, no mesmo dicionário, vai muito além do sexo biológico, e o pastor faz um reducionismo ao juntá-las com “escola”, aí precisamos ouvir a opinião de um educador como Cristovam Buarque (do meio do vídeo até o final) para fazer o contraditório, e analisar onde o pastor quis chegar quando insinuou que o professor diz na escola que meninos e meninas não devem ser tratados assim, porque meninos, às vezes, podem não ser meninos, e as meninas, às vezes, podem não ser meninas”, nunca vi um professor fazer uma abordagem assim, “ideologia de gênero” é uma expressão equivocada, para ser menos parcial o Senador deveria falar em “questão de gênero”.
          Não discordo de jeito algum que educar é uma prerrogativa dos pais, e  não vou polemizar com quem quer que seja sobre esse assunto, e pela minha experiência em sala de aula, sei que ninguém precisa levar as questões de gênero para dentro da escola, assim como acontece em toda a sociedade, elas já estão lá, assim como também já estão lá os reflexos das agressões físicas de pais aos alunos, a sexualidade precoce, o aluno efeminado (*comentários), os preconceitos de toda espécie, inclusive o de gênero, o inevitável bulling e os desdobramentos de tudo isso no dia-a-dia do professor, e aí aparece alguém de fora,  com um moralismo tendencioso, adequando uma suposta situação a seus interesses, esses sim, ideológicos, denegrindo, com esse exemplo, a capacidade e habilidade desses profissionais em lidar com assuntos inerentes a uma profissão tão fundamental para o país, e, como pudemos constatar pela conversa do religioso, tão desvalorizada e agredida..
          Existe uma total inadequação à educação que se faz necessária a esses novos tempos, e me incluo entre os perplexos diante da multiplicidade e complexidade dos caminhos, mas sei que não vou por aí.

3 comentários:

dadacecastro disse...

Parabéns, Fernando, revelou com este texto o mestre que é, preocupado com os problemas da Educação e os que estão ligados a ela.
Amei seu texto e comungo de suas ideias sobre a tão usada pelos "políticos do bem, da moral ,do discurso" ,na tentativa de conquistar e manipular seu eleitor. Apesar de não concordar com o vocábulo "efeminado " e sim homoafetivo, mais real, já que a pessoa não está imitando e sim nasce assim.
Também como o poeta português José Régio, busco meus próprios caminhos"Nunca vou por ali /Não sei para onde vou,"sei que não vou por aí!!"

dadacecastro disse...

Posso compartilhá-lo?
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Fernsndãi disse...

Dadace, minha querida irmã, uma pessoa pode ser uma coisa e não ser outra, conheço pessoas que tem trejeitos femininos e não são homoafetivas, da mesma forma que conheço pessoas com "trejeitos" machistas que são gays, inclusive isso pode ser um reforço contrário para o que não aceitam em si.
Muito cuidado com o excesso de cuidado com o politicamente correto