INVICTUS
Da noite que me cobre,
Negra como um poço de alto abaixo,
Agradeço quaisquer deuses que existam
Pela minha alma inconquistável.
Na garra cruel da circunstância
Eu não recuei nem gritei.
Sob os golpes do acaso
Minha cabeça está sangrenta, mas erecta.
Além deste lugar de fúria e lágrimas
Só o eminente horror matizado,
E contudo a ameaça dos anos
Encontra e encontrar-me-á, sem temor.
Não importa a estreiteza do portão,
Quão cheio de castigos o pergaminho,
Sou o dono do meu destino:
Sou o capitão da minha alma.
William Ernest Henley (1849–1903), poeta inglês, nasceu em 1849, tuberculoso, teve uma das pernas amputada aos 16 anos por causa da doença. Trabalhou para sustentar a mãe e os irmãos após a morte de seu pai, e perdeu sua única filha, de 6 anos, vítima de meningite.
Apesar de tudo, escreveu este poema no leito de um hospital, mostrando a clara distinção que fazia entre seu "Eu" e todas aquelas terríveis “circunstâncias”.
Nelson Mandela, nos 26 anos em que passou na prisão repetia constantemente as duas últimas frases do final do poema de Henley para manter o rumo de seu espírito naquele mar de "circunstâncias" desfavoráveis até que seus carcereiros sucumbissem diante da verdade e ele se tornasse o primeiro presidente negro da África do Sul
Tanto Henley quanto Mandela não se deixaram abater por aquelas limitações do corpo... doença e prisão, evidenciando "valores" em detrimento de "fatos" (circunstâncias).
Quando meu filho confidenciou, na última postagem, ter crescido tendo como paradigma os personagens de Cervantes, pensei mais em "valores e fatos" do que "sonho e realidade".
Este “conjunctio oppositorum” apesar de se completarem vêm de regiões distintas, para mim um sobrepõe pela importância, mas esta postura também está submentida a uma lei de Einstein... a da relatividade, e isso depende da perspectiva quem a "enxerga".
Mais sobre Albert Einstein ("Fatos e Valores") AQUI e sobre o "amor fati" (Nietzsche), AQUI
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