No sermão, pediu orações, para os funcionários demitidos da Usina Siderúrgica de Cubatão (antiga Cosipa, agora privatizada), que teve um prejuízo de R$ 1,04 bilhão no terceiro trimestre deste ano, e demitiu mais de 2.000 metalúrgicos. De acordo com o presidente da Usiminas, essa reestruturação foi necessária para que a companhia pudesse manter a capacidade de competir num mercado, afetado pela queda no consumo interno e o excesso de produção de aço no mercado internacional.
Sabemos que inúmeras empresas estatais mantem suas despesas sem o equivalente em receita, e um exemplo emblemático foi a Petrobrás vendendo gasolina barata e comprando caro no mercado internacional, provocando, depois, recessão e inflação, pior, em casos como esse, é que a quantidade de desempregados não é claramente percebida como aconteceu com os demitidos da Cia de Cubatão, mas a consequência, pelo país afora, supera em dor e sofrimento a quantidade dos que perderam o emprego na Usiminas.
Dançou? Pensei.
Solidário com os infortúnios daquelas duas mil pessoas e seus familiares, fiquei pensando no quanto é dolorido contrapor essa visão do sacerdote.
Quando essa prática é generalizada, com empresas estatais funcionando no vermelho e mantendo funcionários sem que sua produção gere receitas para essas despesas, além de perderem a competitividade, as consequências não são visíveis como acontece com os funcionários demitidos da Cosipa, mas esse dinheiro que o governo cobre os prejuízos falta em hospitais, escolas, segurança, causando dor para um número muito maior de famílias... Onde esses R$ 1,04 bilhão de prejuízo farão mais falta? Quantas estatais que não foram privatizadas e que estão nessa situação no país? Sem falar na dor causada pela inflação corroendo salários e um número infinitamente maior de pais de família desempregados que esse tipo de política econômica paternalista provoca, e que o simpático padre sugeriu nas entrelinhas.
Governo grátis é um mito; distribuir vantagens e ganhos para todos, sem custos para ninguém, está mais para Hans Christian Andersen do que para Paulo Rabello.
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