Comecei escrever pensando em manifestar minha indignação com os últimos escândalos no Senado Federal, mas depois de ler um artigo na Internet, me deparei com a expressão "coronelismo eletrônico" e resolvi dar outro rumo ao assunto, já que todos os envolvidos nestes escândalos também são proprietários de rádio e/ou TV.
Usei o texto do filósofo/jurista Miguel Reale porque faz uma relação entre comunicação e política, e deu a entender, na frase em destaque, se tratar também daquelas pessoas que trabalham com comunicação (inclusive os proprietários de Rádio e TV), ou aquelas que se comunicam com o grande público no seu dia-a-dia, utilizando-se desta habilidade para tornarem-se "políticos". Inclui neste rol mais alguns perfis que também podem favorecer a uma candidatura ... “médicos caridosos”, “pastores atenciosos”, e tantos outros que canalizam sua simpatia, atenção e solicitude "desinteressada" a este fim... Políticos que, na maioria das vezes "cuidam mais de resultados eleitorais e de seus interesses pessoais do que matérias relativas aos poderes do Estado".
Esta semelhança se dá também na cooptação de votos, na República Velha e por muito tempo ao longo do século passado, os políticos rasgavam uma nota de grande valor ao meio e entregavam uma parte antes das eleições e a outra metade só após o seu resultado, o mesmo acontecia com um pé de botina, dentadura e tudo mais que pudesse ser dividido.
Hoje, no "coronelismo eletrônico", descobriu-se uma maneira similar... os candidatos contratam o trabalho de centenas de pessoas que, devidamente uniformizadas com suas fotos, distribuem “santinhos” às vésperas das eleições e o mesmo valor contratado (a outra metade) é prometido ser pago, após as eleições... a própria miséria e desemprego se encarregam do empenho desses “cabos eleitorais” junto a seus amigos e familiares.
Outra reminiscência da velha oligarquia é a prática de anotar a seção eleitoral de “seus” eleitores... não dá para saber quem votou em quem, mas se o político não foi votado naquela seção, dá para saber que o determinado eleitor não lhe deu o voto, isso aliado à ignorância e a desinformação, faz com que os mais humildes ajam como se o voto ainda fosse aberto e o "coronel" com controle total de seu "curral".
Mas, saindo desse passado tão presente, nada melhor do que a possibilidade do sonho se tornar realidade... Quem imaginaria até bem pouco tempo que um negro ocuparia a presidência dos EUA? E o uso de novas tecnologias na política? Quem conhece a “campanha e-marketing 2.0”, decisiva para que Barack Obama mostrasse ao povo americano a que veio?
E as últimas eleições no Irã? Quando milhares de pessoas saíram às ruas de Teerã para protestar contra o seu resultado, impulsionadas pela denúncia de fraude na vitória do governista Ahmadinejad. Apesar da censura e da violenta repressão, uma reação anônima de milhares de blogs e Twitters, além de vídeos, a maioria de celulares, foi parar no Youtube, e passaram a mostrar ao mundo que a comunicação, definitivamente, já não é mais como antes.
Dentro destas perspectivas, estes recentes acontecimentos internacionais começam a dar sinais de que esta cultura de enganação também pode ter um ponto final. O Brasil avança a passos largos em direção à "Revolução da Informação", já é o sexto país do mundo no uso da Internet (mais de 60 milhões de usuários), 160 milhões de aparelhos celulares, e dentro de pouco tempo 100% das nossas escolas estarão informatizadas.
Embora aparentemente impossível, esta transformação revolucionária já começou, e pode não estar tão distante como se imagina, ainda não sabemos o quanto o sonho já está agindo sobre a realidade, mas não custa sonhar.
PERGUNTAS BÁSICAS:Jornalistas e radialistas, com vínculos empregatícios em emissoras de políticos cumprem, com liberdade e independência, o dever de informar e denunciar todas as mazelas da nossa política?
De onde vem a confiança de um político, que precisa de votos para se eleger, dizer, abertamente, que está se lixando para a opinião pública?
4 comentários:
Exatamenteo o que acontece em nosso país... quando em época de eleição "surge" emprego para todos, atrelado ao compromisso de eleger sempre os mesmos roubadores de sempre. E o voto a cabresto ressurge quando mencionas o caso de candidatos a vereadores que controlam as zonas eleitorais para verificarem se obtiveram o número de votos que precisam...
Gostei do texto, vou recomendar a leitura aos meus seguidores do Twitter
concordo com você em tudo, fernando.também tenho fé e sonho cpm o dia em que nosso sonho vai ser mais forte e mudar a realidade.mas tenho plena consciência de que ainda demora muito.somos o reflexo de um passado comprometido e isso não se derruba da noite para o dia.e a escola e nós, educadores, temos um papel muito importante nessa mudança.tenho certeza que você,eu e muitos outros estão dando conta dessa responsabilidade. mas é preciso que todos o façam.enquanto alguns olharem para o próprio umbigo fica difícil.grande abraço.vera
Fernando,
Seu blog está o máximo:profundo, esclarecedor e com temas que perpassam nossa vida, nossa sociedade.
Este meu irmão é "f....."( não escrevo essa palavra, mas concordo com o sentido dela rsrsrsrsrssrsrss
Parabéns!
Fernandão, cada vez mais seu blog se torna um espaço obrigatório de visita e leitura. Parabens, companheiro.
Franz
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