Muitas vezes escrevo só para mim, antigamente jogava alguns rascunhos no lixo, hoje guardo tudo, nestas ocasiões "filtro" meus pensamentos, isso ajuda a clarear minhas idéias e me satisfaz... melhora o autoconhecimento. Mas quando escrevo no blog quero ser lido e difundido, e não apenas que fique como um introspectivo diário pessoal, como tantos que encontramos por aqui neste fabuloso espaço virtual.
Na última postagem usei a estratégia dos grandes jornais e atraí o leitor pelo título, e funcionou, já que o contador de visitas do blog turbinou. Em vez de dizer que o amigo que ia ser cremado em Portugal, o amigo era o Márcio, mas como o escritor José Saramago ia ser cremado no mesmo dia, insinuei que meu amigo seria o escritor
Esta tática colocou foco em meu umbigo, mas este narcisismo me incomoda, por isso, sempre procuro fazer uma compensação... um contra peso, equilibrar quando percebo um aumento desta necessidade tão inerente ao ser humano. Ao falar da dor de perder um amigo, mostrei e falei da poesia de Saramago; na penúltima postagem, no dia dos namorados, fiz um rap apaixonado, mas chamei atenção para o preconceito social e, lá mesmo, fiz um link para uma outra declaração de amor e falei de Literatura, e faço isso sempre, quando morreu um outro amigo, falei de vida, envelhecimento e religião, mas é inegável, tudo não passa de uma maquiagem para despistar esta imperiosa exaltação do ego.
Por motivos óbvios fiquei lisonjeado com as palavras que a amiga e poetisa Elis Zampieri escreveu para mim: “quem tem coragem de se expor com intensidade, fica sob o risco de ser interpretado, de ser lido, de ser definido. Estamos todos, mais ou menos nessa condição. A diferença é que alguns preferem se poupar em determinadas situações. Já disse algum sábio que "não é fácil compreender sangue alheio" e você procura escrever com sangue”.
Um educador, do meu grupo de "blogs Educativos", atraído pela curiosidade que a “manchete” despertou, provavelmente decepcionado, e com todo direito, demonstrou o seu desdém em uma única frase: “aparece cada um...”
O fato em si não tem a menor relevância, mas o que sempre me incomoda é quando o sarcasmo substitui a crítica, e não deixa espaço para contraposições de ideias e, com isso, perde-se uma oportunidade preciosa para aprender.
Não existe laboratório melhor do que o nosso coração, por isso criei o verbo bloguetar, em vez de blogar, assim, pelo menos aqui, posso conjugá-lo da maneira que me convier, sempre repensando minhas certezas e desenvolvendo posturas tolerantes diante dos pensamentos divergentes que vão aparecendo. Isso requer um aprendizado constante... o aprender sempre precederá o ensinar, “óbvio ululante" que deveria ser indispensável a qualquer "cretino fundamental" que se diz educador.
6 comentários:
Olá, caro Fernandão!
Não à tôa você foi o meu favorito e mereceu o meu voto quando da escolha do TopBlog deste ano. De fato, caro amigo, não podemos negar que temos um pouco de Narciso dentro de nós, não que nos amemos acima de todas as coisas... não é isso!
Comparo o ato de escrever em um Blog ao papel de um cantor. Que cantor gosta de fazer performances para as paredes, não é? Que blogueiro gosta de escrever para o vazio? Ainda mais quando se está seriamente comprometido com o que se faz, e se entrega de corpo e alma às palavras?
Ocorre que pensar é um ato eminentemente pessoal, solitário... e digerir o que você escreve leva tempo, caro amigo.
Nunca, mas nunca mesmo, pare de escrever. Suas palavras podem não ser ouvidas por todos que você gostaria que as ouvissem, mas, seguramente, elas são ouvidas... ah são, te garanto! Além do mais, o tempo é efêmero, quando colocado diante da eternidade. Nós escrevemos para a eternidade, caro amigo... não tema não ser ouvido por agora!
Um forte abraço, e parabéns pelo excelente trabalho aqui no Blog!.
Prof. Suintila
abração, fernando! saudades!teu blog continua "bombando" mesmo.esperamos voc~e lá no linguajares,
abç
vera
Seus textos como sempre são muito convincentes. Não mude, seja sempre assim!
Meus parabéns! :-)
Fernando,
O que escreve tem a ver com semiótica, caleidoscópio fascinante, exercício de sinapses bem "transadas" a nos desafiar a desconstruir ou reconstruir, a sorrir, a dizer, a escrever. Somos interlocutores na blogosfera, participamos das escritas... Lembrei da música de Zeca Balero: "Eu não sei dizer, O que quer dizer,
O que vou dizer...". O inconsciente se mistura ao eu consciente e tudo consiste nesse mistério que somos, que és. É assim que leio o que escreve. Adoro passar por aqui. Segundo Barthes, "o prazer do escritor é diferente do prazer do leitor". Somos releituras criativas!!
Fernando,
Nem sempre conseguimos ser claros ao escrever. Sei disso pois também sou apaixonada pelo ato da escrita e da leitura e sei que nem sempre nos interpretam como gostaríamos. Não liga não. Isso faz parte da "brincadeira". Não pare nunca de escrever pois não só eu mas muitas pessoas têm prazer enorme em passar por aqui e ler suas mensagens.
Abraço amigo!
Adorei o "cretino fundamental" rsrss
Amigo... escrever é impulso, necessidade,latência.Há pessoas que necessitam disso, que se fazem, se entendem e se reinventam nela, pessoas que nao sabem ser diferentes, ser menos, ser vazio destas inquietações. Já dizia um sabio amigo: Porque a única razão legítima de escrever é ler-se. Não mude, não apague.
E mais uma vez citando Nelson Rodrigues...
“Só os imbecis têm medo do ridículo”.Ao passo que acrescento: “Só os imbecis têm medo do intenso”.
Um beijo.
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