... E SE O PRECONCEITO CONTRA O JOGADOR DANIEL FOSSE OUTRO?
Uma amiga, antiga companheira de "Blogs Educativos", mandou-me uma reportagem sobre o Padre Roberto Francisco Daniel, que foi excomungado da Igreja Católica após se negar a retirar da internet reflexões sobre a moral da igreja e pedir perdão por ter feito estas reflexões.
Publiquei no meu Facebook as reflexões do padre e resolvi, mais uma vez, abordar este assunto aqui no blog.
A discriminação contra homossexuais é tão enraizada em nossa sociedade, que mesmo os heterossexuais enfrentam resistências quando levantam a voz contra aqueles que promovem esse aparthaid social sobre essas contingências individuais. Colocam um fermento tão poderoso na cabeça e na "alma" das “massas”, que muitos preferem se omitir com medo de que esta descriminação se volte contra eles, talvez até com uma certa razão, afinal, posicionar-se assim não deixa de ser "pecado", vai contra os ensinamentos da
Bíblia (não deixe de clicar)
.
Preconceito é preconceito, não dá para ser contra uns e a favor de outros, neste caso, o medo em condená-lo pode ser comparado ao temor que se tinha da KKK, no sul dos EUA, que pregava a supremacia da raça branca e do protestantismo (WASP -White, Anglo-Saxon and Protestant), qualquer branco que discordasse também era perseguido, o racismo era, antes de tudo, uma ideologia (*).
O que as igrejas defendem não passou nem de longe pela boca do Mestre Jesus (João 13:34), e esta "ideologia homofóbica" não se restringe apenas às estreitezas das religiões, está entranhada na alma das pessoas comuns desde uma época em que se apedrejavam recém-casadas na porta dos pais quando descobriam que elas não eram virgens
(Deuteronômio 22:20-21).
Defender viado pode comprometer, por isso borra-se de medo da opinião alheia, é como se um branco, em repúdio ao racismo, pudesse enegrecer se publicasse nas redes sociais uma foto comendo banana contra o racismo e em solidariedade ao jogador Daniel.
Tive um aluno travesti, em uma escola aqui de Muriaé, que além de
ser super inteligente e educado, também era uma “mulher” muito linda. Estávamos passeando de carro e vi esta “aluna” caminhando na praça principal
de nossa cidade... resolvi fazer uma brincadeira para confundir a cabeça de minha esposa:
- Olha só como é bonita esta minha aluna.
Mas a brincadeira não funcionou, a Inês imediatamente a reconheceu.
- É o “fulano”, foi meu aluno no primeiro ano do Ensino Fundamental,
desde aquela época já tinha esta elegância, uma alma feminina, adorava calçar minhas sandálias...
já era uma "menininha"!
Opção ou condição? Foi exatamente por causa deste acontecimento que gravei esta
parte da entrevista do Senador Marcelo Crivella no programa do Jô, onde o apresentador, visivelmente indignado, atropelou o entrevistado, e, apesar das críticas pela forma como conduziu esta parte da entrevista, cumpriu seu papel de
talk show ao "discutir" um tema que a maioria prefere ficar bem longe... não de banana, mas de um verdadeiro abacaxi!
“... Você vê alguns meninos com seis anos de idade, sete anos de idade. que
você percebe todo um jeito já efeminado (...) este menino, que é da maior
pureza, da maior ingenuidade, vai ser homossexual... E daí?” Jô Soares (no vídeo)
* RACISMO ENQUANTO IDEOLOGIA E PRECONCEITO
É relativamente consensual, na literatura sociológica e na de outros domínios
disciplinares, que se pode falar de racismo em três dimensões distintas,
mas articuladas: racismo enquanto ideologia, racismo enquanto preconceito
e racismo enquanto prática de discriminação. Já quanto ao conteúdo de cada
uma dessas dimensões e quanto ao modo como é equacionada a articulação entre
elas o consenso é, como veremos, bastante menor.
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