" Atendendo a um convite da minha amiga, Professora Lea Porto, para que junto
com outros professores da área, trabalhássemos como os alunos a questão das
eleições, resolvi, diante da importância do tema, expandir para fora dos
portões da Escola “Olavo Tostes” assunto tão importante.
Falta pouco tempo para as eleições, as propagandas eleitorais nem
começaram e as pessoas já estão definindo seus votos. Em breve começarão
as disputas pelo chamado eleitor indeciso, termo muitas vezes inadequado,
pois não se pode considerar indeciso quem se reserva o direito de examinar,
desde agora até o fim da campanha, o melhor para o país. Evitar posicionar-se
antecipadamente parece ser o mais sensato, à vista dos problemas econômicos
e sociais que temos, diminuir a margem de erro nesta escolha é dever cívico
de todos.
Num exercício de cidadania, abrindo mão momentaneamente de nossas
convicções, e buscando apenas uma proximidade com a verdade, deveríamos fazer
uma simulação de posições, um faz-de-conta ideológico para tornarmos mais
abrangentes, e virtualmente, como se estivéssemos num simulador de voo, voar
nas ideias contrárias às nossas, experimentá-las por dentro, provar-lhes
o sentido, dar-lhe todas as razões, senti-las nossas, e só então...condená-las.
Da mesma forma, atacar nossas certezas, colocando-as ao avesso, expondo-lhe
as fraquezas, procurando-lhes os defeitos, interpretá-los por uma ótica contrária,
e só então defendê-las. Neste exercício, incorporaríamos novos valores, abriríamos
novas perspectivas em nossas vidas, seríamos menos sectários e, certamente,
mais universais.
Este posicionamento vale tanto para quem se coloca à esquerda ou
à direita do razoável, pois precisamos mesmo é libertar-nos de verdades que
em vez de somar, só dividem. Não podemos mascarar nossas limitações com grandezas
que não são nossas, nem transferir para semideuses problemas que nós mesmos,
com sacrifícios, teremos que resolver. Precisamos, no somatório das forças
populares, a solução para as dores dos nossos irmãos mais sofridos, e criar
novas perspectiva de vida para todos nós.
O grande entrave quando se fala de “forças populares” é a praga da
demagogia, que sempre foram usadas, de formas distintas, tanto pelas elites,
como por aqueles que se dizem os verdadeiros representantes do povo.
É ingenuidade pensar que alguma proposta possa ser perfeitamente
boa ou fatalmente má. Não existe mágica ou milagres na política, assim como
não há bônus sem ônus, ou, despesas sem receitas, a questão é, como tudo
na vida, de equilíbrio... descobrir a dose exata do que se pode gastar e
do que se pode pagar, do que pode curar e do que pode matar.
Quando o objetivo é buscar a verdade, as opiniões contrárias são
como afluentes de um mesmo rio, onde cada um dá a sua contribuição para o
crescimento deste rio, e que, ao final de um restrito trajeto onde as águas
eventualmente não se misturam, acabam unidas, desaguando num mesmo oceano
que é o bem comum.
Nossa sociedade precisa mesmo é de uma verdadeira democracia, um
fórum mais abrangente, onde a população possa acompanhar o desempenho dos
políticos e ser frequentemente consultada, e não se manifestar apenas de
quatro em quatro anos.
Que se acredite verdadeiramente que “a voz do povo é a voz de Deus”, e no
princípio constitucional de que “todo poder emana do povo, e por ele, e para
ele deva ser exercido”, para que se diminua o espaço daqueles “sepulcros
caiados” que manipulam a vontade popular, mas que não acreditam, de fato,
que o povo tenha capacidade de traçar seus próprios desígnios.
Precisamos fazer com que a vontade da maioria prevaleça sobre todas
as conveniências, para que se possa efetuar as verdadeiras e necessárias
transformações que irão precipitar o início de uma nova era, onde a justiça
e o bem comum prevaleçam sobre quaisquer interesses, e a fraternidade possa
ser a principal norma de conduta entre todos os membros do poder público.
Fernando Antônio de Oliveira – Professor de História"
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